Fernando Cavendish, dono da Delta, é preso ao chegar no Rio
Empresário teve prisão expedida pela Justiça.
Ele foi preso por agentes da PF ao desembarcar no aeroporto Tom Jobim.
O dono da Delta, Fernando Cavendish, chegou ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, por volta das 4h20 deste sábado (2). O empresário foi preso assim que desembarcou no terminal, de onde saiu escoltado por agentes da Polícia Federal e de cabeça baixa, sem responder a perguntas de jornalistas que estavam no local. Ele veio de um voo da Europa, onde estava desde o dia 22 do mês passado.
Cavendish passou pelo Instituto Médico Legal (IML) e, pouco antes das 6h, chegou ao presídio Ary Franco, em Água Santa, na Zona Norte da cidade. (Veja tudo sobre o momento da prisão de Cavendish no RJTV 1ª edição deste sábado). Às 6h20, o advogado do empresário esteve no presídio e afirmou que Cavendish nem deveria ter sido preso. Ele deixou o local cerca de 10 minutos depois e disse apenas que a ideia é soltar o dono da Delta ainda neste sábado.
Segundo os agentes da PF, Cavendish já sabia que era aguardado pela polícia no aeroporto. Ele teve prisão pedida pela Justiça, mas, nesta sexta (1°), o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), transformou em prisão domiciliar.
De acordo com o advogado de Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, que também foi preso na operação, os presos aguardam a chegada das tornozeleiras eletrônicas para deixar a unidade prisional. Na manhã deste sábado, a Justiça Federal determinou que os presos com curso superior sejam transferidos para o presídio de Bangu 8, na Zona Oeste. Enquanto as tonozeleiras não chegam, os presos não podem deixar o sistema penitenciário.
A decisão sobre a prisão domiciliar vale também para outros quatro réus: Carlinhos Cachoeira, e os empresários Adir Assad, Marcelo Abbud e Cláudio Abreu, que assim como Cachoeira foram presos na quinta.
Uso de tornozeleira
A GloboNews teve acesso ao despacho do juiz. Foram estabelecidas sete medidas cautelares: afastamento da direção das empresas envolvidas nas investigações; recolhimento domiciliar integral até que demonstre ocupação lícita; comparecimento quinzenal em juízo; obrigação de comparecimento a todos os atos do processo; proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte em até 48 horas; e monitoração por meio de tornozeleira eletrônica.
Procurador critica decisão
Em nota, o procurador-regional da República, José Augusto Vagos, chefe da Procuradoria-Geral da República da 2ª Região, disse que a decisão de reverter a prisão preventiva “beira o abolicionismo penal”, considerando que permite prisão domiciliar “num contexto de desvios de quase 400 milhões”.
O procurador classificou como “um desprestígio aos órgãos de persecução que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos, concederem-se prisões domiciliares em série”. Vagos afirmou que irá recorrer da decisão.
Denúncia aceita
Nesta sexta, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia contra os 22 acusados de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Na quinta (30), agentes do MPF e da PF do Rio foram às ruas em três estados para operação que foi batizada de Saqueador, que tinha o objetivo de combater a lavagem de dinheiro e o desvio de verbas em obras públicas.
A PF chegou de madrugada aos endereços em três capitais. Um dos alvos, o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, não estava em casa, no Rio de Janeiro. Ele mora de frente para o mar, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais caros do país.
Cavendish estava fora do Brasil desde 22 de junho. Os agentes apreenderam um cofre no apartamento dele e documentos na sede da Delta, no Centro da cidade.
Em Goiânia, os policiais prenderam o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-diretor da Construtora Delta para a região Centro-Oeste, Cláudio Dias Abreu.
Fonte: Globo.com